Enfim, formado
Última modificação: 06/05/2020
Me formei na faculdade. Foi mais ou menos na metade de agosto que terminei todas as pendências. Demorei um semestre a mais do que o previsto, porque fui fazer um intercâmbio na Alemanha. Quando voltei, tinha apenas que fazer o tcc, mas peguei mais duas matérias optativas também, porque os assuntos eram legais.
Para quem não sabe, eu cursei bacharelado em ciências da computação. Digo desde já: Gostei muito. Um ano antes de entrar na faculdade, eu estava quase me inscrevendo no vestibular de direito, por isso é engraçado quatro anos depois ver a diferença da minha escolha. Mas por que eu mudei tanto assim a minha escolha?
Quando eu estava acabando o meu ensino médio, as coisas não estavam ficando mais fáceis para mim. Na verdade, tudo complicava cada vez mais, muita coisa eu não podia estudar sozinho, o que me fazia sentar com meus dois melhores amigos e estudarmos juntos. As matérias de humanas eu conseguia dar conta de estudar tranquilamente, mas as exatas eu sempre precisava da ajuda de alguém. Não é que eu não entendesse; Na verdade, eu ia super bem em matemática, física e química, mas é que eu não conseguia ler as fórmulas, analisar os gráficos e absorver o conteúdo em geral sem alguém lendo aquilo para mim.
Na época, quanto mais eu participava da Internet, eu conhecia mais cegos que se deram bem na vida estudando direito. Eu notava que eles tinham um certo nível de autonomia e era aquilo que eu queria para a minha vida, logo associei que fazendo direito eu conseguiria o mesmo. O ano foi passando, eu continuei estudando, e lembro-me claramente do dia que consegui resolver vários exercícios de uma prova de uma olimpíada de matemática. Então veio o questionamento de um professor: - Para que curso você vai prestar o vestibular? Eu dei a resposta: direito. Já sem muita convicção, até porque eu só tinha pensado no nível de autonomia que teria no futuro, não em todos os passos até chegar lá. E aquela resposta que eu dera, soava estranha para mim, havia algo errado. Não era bem aquilo que eu gostaria de fazer para chegar lá.
Com o tempo, me convenci de trocar de área. Descobri que o meu maior medo era enfrentar um curso onde eu fosse depender muito das outras pessoas, coisa que eu não queria de jeito algum. E, de certo modo, posso afirmar que não dependi das pessoas nesses últimos quatro anos. Fiz o melhor que pude, e desde o começo busquei alternativas de como produzir meu próprio material de forma acessível, para que eu pudesse ler e estudar sozinho. É claro que houveram várias ocasiões onde isso não foi possível, e eu estudei com os meus colegas, o que não foi de todo mal. Que outro aluno não estuda junto com os colegas? Nessas situações, sempre tentei não apenas sentar lá e ouvir eles lendo as coisas para mim, mas sim tentar explicar o que eu havia entendido e ajudar de alguma forma. Desde que me formei, ouvi várias piadinhas. Desde aquelas que dizem que eu seria o criador do sucessor do Facebook até aquelas que dizem que deixei de ser uma esperança para a sociedade para ser um problema social, no caso, um desempregado :P Todas essas piadas tem um fundo de verdade. Algo que trazia um conforto na faculdade era que você entrava, no final havia um objetivo, e entre esses dois pontos uma série de passos a serem dados, no caso, as diferentes matérias da grade do curso. Ao sair da faculdade, os passos já não são mais tão claros. O que deve-se fazer agora? Que tipo de emprego e onde deve-se procurar? São várias perguntas que definem um objetivo, mas ainda falta-se os passos até lá. O fato é, as escolhas agora parecem muito amplas, o que torna as coisas mais interessantes, mas muito mais difíceis também. O que pode levar qualquer um de desempregado até o criador do sucessor do Facebook, como dizem nas piadinhas.
Brincadeiras a parte, não pretendo nem ficar como desempregado e não acho que serei o criador do sucessor do Facebook, mas acredito que estarei aí no meio, mesmo que isso contenha uma gigantesca gama de opções. E confesso para vocês: Estou animado pra caramba com as possibilidades.
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