E a aventura continua - voltei a morar sozinho
Última modificação: 25/05/2020
Estou já uma semana morando em BH. Essa foi a primeira semana de trabalho na minha vida. Digo trabalho porque antes só estagiei, e acredito que seja algo completamente diferente estagiar de trabalhar. Dessa vez foi trabalho mesmo, com direito a oito horas (ou mais), diárias.
Falando em trabalho, não vou comentar sobre ele. A verdade é que não sei o que posso comentar e o que eu não posso. Para não cometer nenhuma gafe logo no começo, vou pular essa parte e vou contar um pouco mais como está sendo morar novamente sozinho.
Ter feito o intercâmbio na Alemanha me deu uma boa idéia do que esperar quando eu for morar sozinho. Dessa vez as coisas foram muito mais fáceis porque vim na primeira vez para BH com os meus pais, que me ajudaram a alugar um apartamento. Apartamento que encontramos em tempo recorde. Em menos de uma semana rodamos quase todo o bairro, achamos um apartamento, fechamos com a imobiliária, limpamos o lugar (que tava uma zona, sujo pra kct), compramos os móveis, eletrodomésticos e deixamos tudo certo.
Aliás, fica registrado aqui mais uma vez o meu muito obrigado aos meus pais que transformaram um lugar muito zoado em um lar. Sem brincadeira, fiquei muito bem instalado e graças a eles. Valeu aí pai e mãe! :)
Minha rotina tem sido acordar cedo, por volta de 07:30 ou 08:00. Acreditem se quiserem, eu consegui acordar religiosamente todos os dias esse horário. Vou para o escritório, tomo café por lá mesmo, trabalho por volta de oito horas diárias, sem contar o tempo pra almoço e café da manhã. Chego em casa lá por umas 7 da noite e passo o resto do dia na Internet em casa. Até aí tudo bem, mas como não poderia deixar de ser, certas dificuldades surgem nos lugares mais inesperados.
Inicialmente eu levaria meu cão guia (oi, Timmy!), mijar / cagar na frente do prédio, no meio fio da rua. O problema que a rua é tão inclinada que quando ele faz cocô, ele sai rolando e eu não consigo juntar. Deixa eu aproveitar a oportunidade e contar como eu faço para juntar o cocô do cachorro. Que merda de texto, mas vamos lá. Obviamente eu não espero ele terminar e fico lá abaixado cheirando o chão procurando pelos dejetos, ainda sou um bípede e me comporto como tal. Já que não da para levar na frente do prédio, eu vou na rua ao lado que é plana. Chego lá, dou o comando para ele fazer as necessidades. Ele começa a girar, a fazer o ritual do cocô. Ele tem toda uma técnica para conseguir se aliviar. Ele gira, gira, se abaixa e começa a andar. Aí, se eu não seguro o bicho pela coleira bem forte, ele começa a cagar e andar pra mim. Literalmente. O truque é notar quando ele começa a girar, quando ele para por alguns instantes, quer dizer que ele começou. Eu sigo a guia dele, seguro ele pela coleira no pescoço e aponto o meu pé na direção da bunda dele. Quando ele termina, eu deixo ele se mover novamente soltando a coleira. Me abaixo e pego com a sacolinha.
Mas esse não é o problema, o problema é jogar a sacolinha no lixo. Juro, essa é a parte difícil. A lixeira fica na esquina do meu prédio. Por mais que eu treine o meu cachorro para identificá-la, ele tem se recusado a ir até lá. Na cabeça dele só existem dois destinos possíveis quando pisamos naquela calçada. A entrada do prédio ou a entrada da padaria que fica na esquina. E olha que já fiz várias vezes o treinamento de targeting, algo que ele costuma ser bom, para identificar lugares / objetos. Daí quando vou procurar a lixeira ficamos lá andando para cima e para baixo da calçada com a sacola de cocô na mão e os vizinhos lá na janela provavelmente olhando e pensando: “que horror! ele nem consegue achar a porta de casa.”
Eventualmente eu desisto de tentar achar a lixeira e peço pro porteiro ou para algum transeunte me mostrar onde está a lixeira. As vezes eu acho ela, mas é por sorte. Para ser justo, provavelmente ele não tem achado porque ela é bem alta e talvez esteja fora do campo de visão dele e porque ao redor tem várias árvores, uma rampa do mal e ele não quer me levar até lá porque acha que não é seguro. Mas eu sei que tem como, e como só fizemos duas vezes o treinamento de targeting, acho que em mais uma semana ele vai conseguir achar a lixeira.
Como estou morando a meia quadra de onde trabalho não estou precisando andar muito pela região. Ainda bem, porque as ruas aqui são muito confusas. Tem ruas que são paralelas entre si e outras são diagonais, o que cria uns cruzamentos muito loucos de várias ruas. Aliás, aqui não são quadras, são triângulos. Toda vez que tento imaginar o mapa mental das ruas, eu suspeito que as regras da geometria euclidiana são ignoradas porque posso jurar que a soma dos ângulos de alguns triângulos (que deveriam ser quadras), estão dando mais que 180 graus.
Mas não estou acomodado em casa. Para vocês verem que eu tenho futuro para criar o mapa na minha cabeça do lugar, eu já consegui dar informação para uma pessoa de onde ela deveria virar para chegar em uma rua. Também já fui passear em uma praça aqui perto, que um amigo meu cego que também tem cão guia me recomendou passear. Aliás, isso foi muito interessante. Ele me deu algumas instruções de como chegar no lugar a partir de um ponto que eu já sabia chegar. Foram instruções mais do que úteis porque como ele enfrenta o mesmo tipo de dificuldade do que eu, a explicação dele foi super precisa. O passeio dessa manhã foi muito agradável.
Além disso, cada final de semana estou tentando ir almoçar em um restaurante diferente para conhecer a região e obviamente, conhecer os restaurantes :P
ps: Espero que minha cortina chegue logo porque não to podendo ficar de cueca na sala. Tem uma série de prédios ao lado que podem ver minha janela e o meu corpitcho nu. Do que adianta morar sozinho e não poder andar de cueca em casa?
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