[A Saga do Cão Guia] - Capítulo 2
Última modificação: 04/05/2020
No primeiro dia, em um anúncio que fizeram por meio das caixas de som que temos no quarto, eu tomei um susto que todos gostariam de ver, mas minha sorte é que não era uma pegadinha do malandro filmando a situação. Coloquei meu despertador para me acordar 2 minutos antes das 6 horas, então eu já estava acordado quando aquela voz do além veio nos acordar.
A voz até que é gentil, mas é que leva um tempo pra se acostumar com esse tipo de coisa. Nossa rotina, como o pessoal vem nos explicando, sempre seguirá um mesmo padrão. A cada dia que passa, os intervalos que temos são preenchidos com as coisas que teremos que fazer nesses horários.
Às 6 horas, acordamos e logo fizemos uma sessão de obediência - nos ensinaram alguns comandos para usarmos com os cães, principalmente como usar nossa linguagem corporal com eles, movimentos com a coleira, etc. Apenas fizemos os movimentos com a coleira (sem os cães), e nos preparamos para o café, que foi perto das 7.
Falando sobre comida, eu realmente pensei que quando eu chegasse aqui as coisas seriam um pouco mais calóricas. Você sabe como é; Todo aquele papo que os Estados Unidos comem fast food / comidas gordurosas o tempo todo, talvez seja a mesma coisa que a gente faz com os Baianos falando que eles só ficam na rede durante o dia. Só para sacanear mesmo.
Não reclamo de nenhum modo do que estão servindo aqui. todas as comidas são bem preparadas e gostosas, mas confesso que eu gostaria de comer umas batatas fritas, bacon e hamburgeres - mas eu só tinha conhecido o almoço e a janta. O Café era mais ou menos o que eu esperava.
Falando mais especificamente do café da manhã, ele era bem o que eu esperava, tivemos ovos mechidos, torradas e bacon. O devido café dos campeões. Bacon = campeão.
Depois do café, fomos direto para um centro de treinamento da escola. É uma casa grande de madeira, localizada em uma cidade bem perto daqui. O cronograma do dia seria andar cada pessoa junto do estrutor segurando uma coleira simulando o cão guia, para analisar aspectos como velocidade, atenção para ver se o cão estava fazendo tudo corretamente e mantendo a rota, sua força na hora de dar as correções de coleira no cão e conseguir puxá-lo, caso preciso, entre outros. Além desses fatores, eles também tomam em consideração o ambiente em que você vive e, claro, suas preferências em relação a raça, cor e sexo. Falei que eu preferia um macho, mas que a cor não importava e nem a raça. Tanto labrador quanto golden retrieever estaria bom.
Eles levavam dois estudantes por vez, então os outros tinham tempo para ficar na casa conversando, usando celulares, notebooks ou só tomando café da máquina tal como eu fiz. Alô pai, eu gostaria uma máquina igual para ter no meu quarto de aniversário, obrigado. Continuando, almoçamos por lá mesmo, pois nem todos haviam ido ainda fazer as caminhadas com os instrutores.
A questão do idioma tem sido algo muito engraçado. No momento que eu estou escrevendo esse texto, as vezes quero terminar uma frase e penso nas palavras em inglês, em português, ta virando uma confusão!!! - (e meu pai ainda pediu para eu continuar estudando alemão no meu horário vago, hahaha, seria loucura!!!) - Até consegui traduzir uma piada do português para o pessoal e eles riram mesmo. Onde eu mais tenho problemas é com algumas conversas casuais que eles usam algumas expressões, e coisas relacionadas a comida. Hoje me apresentaram uns 4 tipos diferentes de queijo, e o único que eu consegui identificar foi o provolone, o jeito é experimentar cada um, e ver qual você gosta mais. O problema que nesse processo você pode se ferrar. Perguntaram se estaria tudo bem comer um tal de soft pepper no jantar, e eu disse que sim. O problema que era uma comida a base de pimentão, o qual é green pepper. Na minha ignorância com esse tipo de vocabulário pensei que seria algum tipo de pimenta que usamos para tempero, agora to aqui no quarto com o meu estômago revolto, toda vez que como pimentão me acontece isso. E Murphy dá o seu olá nas terras do tio Sam.
O chato mesmo que isso só aconteceu pela minha ignorância mesmo. Eles já passaram pelo menos duas vezes por todos os estudantes perguntando se eles não comiam algum tipo de comida. Bom, eu só não gosto de polenta e pimentão, mas eu não tinha a mínima idéia de como dizer isso. E qual a chance de ter uma comida totalmente baseada em pimentão? Aí que entra o Murphy.
Hoje também conhecemos o resto da equipe que trabalha aqui. Enfermeiras estão sempre disponíveis para nos atender, caso precisemos, voluntários podem fazer compras para nós se precisarmos algo que não tem na escola. Cada dia que passa, me passa sempre a impressão que o sistema funciona muito bem aqui, eles realmente se preocupam com todos os detalhes.
Tivemos logo após disso uma aula sobre como será nossa rotina aqui com o cachorro, que receberemos amanhã a tarde. Não vou descrevê-la agora porque muitas coisas ainda precisam ser explicadas, principalmente as partes do dia reservadas para cuidar do cão, então deixo isso para outro dia, mas a aula foi um pouco demorada com vários detalhes sobre rotina, um pouco sobre como ajustar a a rotina do cão a sua, como funcionará amanhã, o que vamos treinar amanhã, como fazer isso e aquilo. Enfim, é muita coisa mesmo. Por hoje é isso. Amanhã será o grande dia que conheceremos nossos futuros amigos, e acredito que todos estão bem animados.
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